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A busca por melhores condições de tratamento para as pessoas que convivem com a psoríase, a dermatite atópica, a urticária espontânea e o vitiligo, entre outras condições, mobilizou a fala dos participantes de audiência pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), esta semana.
A reunião da Comissão de Saúde, solicitada pelo seu vice-presidente deputado Doutor Wilson Batista (PSD), ocorreu por ocasião da Frente Parlamentar em Apoio às Pessoas com Doenças Crônicas de Pele, reunindo profissionais e entidades da área da dermatologia e especialidades médicas afins, para debater os desafios para pacientes e para o Sistema Único de Saúde (SUS) no acompanhamento dessas doenças.
O deputado Doutor Wilson Batista também acredita que as políticas públicas voltadas ao acompanhamento das doenças crônicas de pele ainda são muito aquém do necessário.
“Os governantes ainda não colocaram em pauta essa discussão. Aqui em Minas Gerais estamos só agora criando essa Frente Parlamentar e teremos aí uma gama imensa de ações a serem feitas nos próximos anos”, afirmou.
Estigma e preconceito agravam sofrimento
O preconceito vivenciado pelas pessoas com doenças crônicas da pele foi um dos grandes temas da discussão. “Além do sofrimento físico, a doença gera dificuldades de socialização para o paciente devido ao preconceito”, apontou o deputado Lucas Lasmar (Rede).
Para o deputado Doutor Wilson Batista o preconceito surge da falsa crença de que essas doenças seriam contagiosas, quando em sua maioria não são.
A fala foi corroborada pela médica dermatologista e conselheira da Associação Brasileira de Psoríase, Artrite Psoriásica e de Outras Doenças Crônicas de Pele (Psoríase Brasil), Karina Agostini Fraga. Ela acredita que esse tipo de doença desabilita a pessoa para sua vida social e profissional.
De acordo com a especialista, dados apontam que 2% da população brasileira convive com a psoríase. Se pensarmos em Minas Gerais, é possível afirmar que mais de 400 mil mineiros têm a doença.
Ela aponta também que, além dos danos físicos e sociais inerentes à condição, a psoríase não deve ser entendida somente como uma doença da pele. “Se não tratada, ela evolui para doenças articulares, como a artrite. Ela também aumenta as chances de AVC e gordura no fígado”, explicou.
Demora para acesso a medicamentos
Um grande desafio relatado durante a audiência diz respeito à obtenção de medicamentos nas farmácias do SUS. “Existem remédios excelentes disponíveis e um entrave enorme para chegar no paciente”, relatou Karina Agostini Fraga.
Gladis Lima de Souza, presidente da Psoríase Brasil, afirmou que a espera pela medicação pode chegar a 150 dias. “Esse tempo de resposta, que antes era de 30 dias, agora coloca em risco a qualidade de vida desses pacientes”, denunciou.
Outro problema apontado foi o número reduzido de profissionais dermatologistas nos 28 Centros Estaduais de Atenção Especializada (CEAE) espalhados pelas 10 regiões de Minas Gerais. O deputado Doutor Wilson Batista apontou a necessidade de contratação de, pelo menos, mais um profissional especializado em dermatologia para cada um deles.