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As tradicionais festas juninas, marcadas por comidas típicas e confraternização, exigem atenção redobrada com a saúde, especialmente a cardiovascular. Em entrevista ao “Momento Saúde” da Rádio Muriaé, a cardiologista Dra. Annelise Cocate destacou os principais riscos associados aos excessos durante as comemorações.

A médica alerta que, embora as festividades sejam um momento de alegria, os exageros podem ser perigosos, principalmente para quem já possui histórico de pressão alta, diabetes, obesidade ou doenças cardíacas. “Tudo em excesso, principalmente o álcool, comidas gordurosas, ricas em sódio e gorduras saturadas, pode afetar sim a nossa saúde cardiovascular”, explicou.

Os três vilões: sal, gordura e álcool

Dra. Annelise foi enfática: para pessoas “sódio sensíveis”, que compõem a maioria da população, uma refeição rica em sal, como canjica salgada ou feijão amigo, pode elevar a pressão arterial em 10 a 15 mmHg.

Para os hipertensos, a médica faz um alerta crucial: não suspender a medicação para ingerir bebida alcoólica. “Se você é hipertenso, você se coloca ainda mais em risco, suspendendo o seu remédio de pressão e ingerindo bebida alcoólica. Aí você fica sem a proteção do remédio, ingere mais sal, ingere mais bebida alcoólica, aumenta ainda mais o seu risco”, ressaltou. Além de elevar a pressão, o consumo de álcool está associado a um risco três vezes maior de desenvolver arritmias cardíacas.

Frio e fumaça: perigos adicionais do inverno

O frio, característico desta época do ano, é outro fator de risco. A exposição a baixas temperaturas causa vasoconstrição, um estreitamento dos vasos sanguíneos que, consequentemente, aumenta a pressão arterial. “A pessoa hipertensa ou que já tem algum grau ali de doença coronariana, doença vascular, ela é muito mais susceptível”, afirmou a cardiologista, recomendando que todos, especialmente idosos e cardiopatas, se mantenham bem agasalhados.

As tradicionais fogueiras também merecem atenção. A Dra. Annelise aconselha a não ficar muito próximo delas para evitar a inalação de fumaça, que irrita as vias aéreas e pode facilitar a entrada de vírus respiratórios, como o da gripe (influenza), cuja circulação é maior nesta época.

Doces, crianças e a importância da moderação

Os doces típicos devem ser consumidos com moderação, principalmente por diabéticos e pré-diabéticos, para evitar picos glicêmicos. A especialista aconselha a não ingerir apenas doces, mas combiná-los com outros alimentos que forneçam mais sustância.

Para as crianças, a recomendação é evitar a oferta excessiva de açúcar. “O doce, a gente sabe que ele não tem nenhum benefício. Ele é apenas açúcar e carboidrato”, pontuou a médica. Ela sugere alternativas mais saudáveis e igualmente saborosas, como milho cozido, pipoca e caldinho de feijão, que ajudam a construir hábitos alimentares melhores desde a infância.

Recomendação final: equilíbrio e prevenção

A principal recomendação da Dra. Annelise Cocate é “curtir com alegria, mas curtir com equilíbrio”. Para quem já tem problemas cardíacos, o cuidado deve ser redobrado, mantendo o uso das medicações, agasalhando-se bem e evitando esforço físico excessivo.

A médica também destacou a importância do check-up cardiovascular preventivo, recomendado anualmente para pessoas acima de 35 anos. O check-up básico inclui exames de sangue (colesterol, glicose, função renal e tireoidiana) e um eletrocardiograma. “O diagnóstico precoce salva vidas”, finalizou, lembrando que, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, 30% das mortes no Brasil são causadas por doenças cardiovasculares.

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