Situadas nos municípios de Descoberto e Itamarati de Minas, RPPNs Boa Esperança e São Lourenço reúnem mais de 200 espécies de fauna e flora mapeadas, trazendo benefícios sociais e ecológicos para a região
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O trabalho em prol da preservação ambiental e da biodiversidade da Mata Atlântica é um dos principais compromissos da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) na região da Zona da Mata mineira. As Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) Boa Esperança, no município de Descoberto, e São Lourenço, no município de Itamarati de Minas, instituídas pela Empresa em 2002, somam 304 hectares e se conectam a outras áreas preservadas e projetos de restauração florestal em execução pela Companhia, que, no futuro, contribuirão para a formação do maior maciço florestal particular de Mata Atlântica no estado de Minas Gerais, qualificando a área particular do ponto de vista biológico e paisagístico.
As Reservas da CBA se enquadram na categoria de Unidades de Conservação (UC) e dispõem de um Plano de Manejo, documento técnico cadastrado no Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, que apresenta o diagnóstico dos terrenos e estabelece o zoneamento, o regramento e as normas de usos. Além disso, muitas áreas próximas às RPPNs conectadas ou em conexão são protegidas pela CBA, outras empresas e produtores rurais, formando corredores naturais para deslocamentos de espécies – são Reservas Legais, Áreas de Preservação Permanente e compensações florestais que atualmente somam em torno de 2.000 hectares. Tais formações florestais possuem uma relevância regional que varia de média a muito alta, segundo seu Zoneamento Ecológico-Econômico de Minas Gerais (endereço eletrônico https://idesisema.meioambiente.mg.gov.br/geonetwork/srv/api/records/c2d309a1-3555-4d26-b68e-50d9c5d1df2d).
De acordo com os últimos Planos de Manejo, somente as RPPNs da CBA abrigam aproximadamente 2 mil árvores nativas de Floresta Estacional Semidecidual e 200 espécies de flora e de fauna catalogadas. Dentre os números, destaca-se a rica presença de aves e o registro de 25 espécies de animais migratórios, o que demonstra uma variação natural na oferta de recursos na área ao longo das estações do ano.
Os animais migratórios, como parte integrante dos ecossistemas locais, desempenham um papel crucial na manutenção da biodiversidade e na funcionalidade dos ecossistemas. Sua movimentação entre áreas de reprodução, alimentação e descanso promove a dispersão de sementes, o controle de populações de insetos e a renovação dos recursos naturais, além do fluxo gênico entre suas populações. A presença desses animais indica a materialidade de corredores ecológicos, permitindo a conectividade entre diferentes habitats e garantindo a sobrevivência das espécies em um contexto de mudanças ambientais. A conservação dessas espécies é crucial não apenas para a biodiversidade, mas também para a sustentabilidade ambiental.
O gerente das Unidades de Mineração da CBA na Zona da Mata mineira, Christian Fonseca de Andrade, ressalta que, para este ano, além da continuidade do projeto, com o monitoramento e manutenção dessas áreas, estão previstos novos estudos de fauna e flora. “Estamos buscando aprimorar a compreensão da dinâmica das espécies, promovendo oportunidades de gestão frente aos desafios do desenvolvimento sustentável do território onde estamos inseridos. Além dos benefícios ambientais, o trabalho realizado promove benefícios socioeconômicos para a região, como o ICMS Ecológico para os municípios de Itamarati de Minas e Descoberto, onde estão localizadas as RPPNs da CBA na região”, afirma Christian.
As técnicas de preservação e recuperação ambiental aplicadas nas RPPNs da CBA contam com a participação do Laboratório de Restauração Florestal da Universidade Federal de Viçosa (LARF/UFV). Para o professor Sebastião Venâncio Martins, coordenador do LARF, a parceria UFV-CBA vem desempenhando um importante papel de conservação e restauração de florestas nativas locais. “As Unidades de Conservação mantidas pela Empresa abrigam uma rica biodiversidade de flora e de fauna da Mata Atlântica, além de promoverem a estocagem de carbono, contribuindo, assim, com o microclima regional e com a redução das mudanças climáticas. Nossos monitoramentos têm revelado um incremento gradual em biodiversidade nos corredores ecológicos, especialmente das espécies arbóreas nativas plantadas pela Companhia, algumas já raras na região, e de vários animais que encontram alimento e abrigo nestas áreas”, pontua.
Plano de Manejo
O Plano de Manejo das RPPNs ainda serve como instrumento para programas de pesquisa da UFV e ações socioambientais da CBA na região, com foco na proteção e na perpetuidade das florestas nativas locais. Um exemplo é o Programa de Recuperação de Áreas Alteradas, implementado em 2021 pela Companhia que visa aumentar a diversidade de espécies arbóreas nas suas áreas em regeneração, por meio de técnicas de nucleação, as quais consistem em criar núcleos dentro da área de forma a induzir uma regeneração natural, como transposição do banco de sementes do solo, instalação de poleiros artificiais, galharias de abrigos para fauna, entre outras.
Parceria histórica em pesquisa ambiental
Desde 2008, a CBA desenvolve melhorias em seu modelo de reabilitação ambiental, que têm contribuído para estabelecer uma nova relação entre a mineração, os produtores rurais e o meio ambiente. Os estudos e o desenvolvimento de tecnologias vêm sendo realizadas por meio de um trabalho contínuo de 15 anos em parceria com a UFV, na qual são desenvolvidas três linhas de pesquisa: Reabilitação Ambiental (Solos), Restauração Florestal (Florestas) e Conservação Hídrica (Hidrologia Florestal).
Com apoio da Universidade, os fragmentos florestais ao redor das unidades de preservação da CBA na região estão sendo ampliados para a formação de corredores ecológicos. A expectativa é que as propriedades criem um maciço ambiental e um local de reprodução da fauna local, agindo como um berçário para as espécies seguirem seu fluxo natural. O processo é realizado através da técnica de plantio de mudas altas de espécies atrativas à fauna, o que favorece a conexão das unidades de preservação a outros remanescentes florestais na região.