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Cerca de 17 pessoas participaram, neste fim de semana, na zona rural de Rosário da Limeira (MG), de mais um curso de qualificação para combater o fogo na Mata Atlântica e áreas rurais. Com apoio da ONG Iracambi e da prefeitura, o curso foi realizado pelo 2° Pelotão do Corpo de Bombeiros de Muriaé e juntou teoria com aulas práticas. No sábado (31), os bombeiros fizeram um resumo de toda a parte teórica. No domingo (1), Dia Nacional da Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, os alunos tiveram que botar a mão na massa. Os brigadistas experimentaram os desafios reais de controle e de combate ao fogo.
Na área externa ao Centro Cultural em Rosário da Limeira, na manhã de domingo, os bombeiros deram instruções práticas do uso dos equipamentos de proteção individual (EPI), o uso de bolsas costais de água, uso de abafadores e a aplicação do Sistema de Comando de Operações (SCO). Ali mesmo, os 17 alunos foram divididos em três guarnições e marcharam por quase 2 quilômetros até o local do curso, localizado em um sítio, portando todos os equipamentos de combate à incêndios. O objetivo era simular uma situação real de deslocamento com o peso dos equipamentos e colocar em prática o SCO. Durante o percurso houve uma parada para descanso e aplicação da prova, avaliação do conteúdo teórico do dia anterior. Já na parte da tarde, os alunos tiveram instruções de combate efetivo aos incêndios, com técnicas reais de construção de aceiros, tombamento e umidificação da vegetação e organização das equipes de ataque direto à linha de fogo. Além dessas instruções, houve também a instrução de técnica de salvamento e resgate de vítima.
Com isso, a Brigada de Combate à Incêndios Florestais de Rosário da Limeira está oficialmente formada e será unificada com a Brigada da região da Graminha, onde o poder público buscará meios para a aquisição de EPIs e equipamentos de combate para a sua instrumentalização. Juntando as duas brigadas, são mais de 30 homens e mulheres. A principal função da brigada é agir rapidamente e de forma eficaz em caso de incêndio, seja para interromper o avanço do fogo, controlar as chamas ou evitar que ele se espalhe pela floresta ou áreas rurais.
O militar do 2º Pelotão do Corpo de Bombeiros de Muriaé, sargento Marco Aurélio, afirmou que ações como essa são desenvolvidas em período de seca. “Não é só uma ação de resposta no combate ao fogo, é também, de uma ação de prevenção junto à comunidade que vive em áreas de amortecimento florestal (áreas que circundam unidades de conservação como o parque da Serra do Brigadeiro). A brigada é um apoio aos bombeiros. Dou nota 100 pela dedicação, disciplina e seriedade dos alunos. E futuramente vamos fazer mais cursos como esse.”
Ao fim do curso, toda a turma agradeceu aos idealizadores e organizadores. “Eu já queria ter tido essa experiência e, finalmente, consegui! É uma responsabilidade que todos deveríamos ter: cuidar da nossa casa, o planeta.”, disse Fabio Fernando da Costa, agroflorestor e líder de uma das guarnições.
Incêndio florestal é crime
De janeiro a setembro do ano passado, o estado de Minas registrou mais de 24 mil ocorrências de incêndios em vegetação, de acordo com dados do Corpo de Bombeiros Militar (CBMMG). O número é o pior da série histórica iniciada em 2015. No mesmo período, A Polícia Civil concluiu quase 700 procedimentos investigativos relacionados ao crime de “provocar incêndio em mata ou floresta” (Art. 41 da Lei de Crimes Ambientais). Um crescimento de 98% em relação a todo o ano de 2023. A Polícia Militar conduziu mais de 200 pessoas em ocorrências relacionadas a incêndios, sendo um terço delas especificamente por crimes ligados a áreas de florestas.
O aumento expressivo dos incêndios florestais em MG é atribuído, em grande parte, à ação humana, muitas vezes criminosa. As multas aplicadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) somaram mais de R$ 10 milhões em 2024.