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Foto: João Victor Calais | Rádio Muriaé

Durante participação semanal na Rádio Muriaé, o médico gastroenterologista Dr. Tiago Bastos abordou de forma detalhada as causas, sintomas, diagnóstico e tratamento da úlcera no estômago, também conhecida como úlcera péptica. Apesar de ser menos comum nos dias atuais, a condição ainda preocupa, especialmente devido à presença da bactéria Helicobacter pylori (H. pylori) e ao uso indiscriminado de anti-inflamatórios.

Segundo o especialista, a principal causa da úlcera gástrica é a infecção pela H. pylori, descoberta em 1982 por médicos australianos. A bactéria, resistente ao ácido do estômago graças à produção da enzima urease, compromete a produção do muco protetor da parede estomacal, provocando feridas. “É a única bactéria conhecida que sobrevive no ambiente ácido do estômago”, destacou Dr. Tiago.

O uso frequente de anti-inflamatórios, como diclofenaco, ibuprofeno e A.S., é apontado como a segunda principal causa. Essas substâncias reduzem o fluxo sanguíneo e a produção do muco gástrico, o que aumenta a vulnerabilidade à ação do ácido estomacal. “Além de provocar úlceras, o uso crônico pode causar insuficiência renal”, alertou o médico.

Outros fatores de risco mencionados incluem o tabagismo associado ao consumo de álcool, doenças como Crohn e tumores que aumentam a produção de ácido gástrico.

A úlcera, de acordo com o especialista, pode se manifestar com dor intensa na boca do estômago, náuseas, vômitos e, em casos mais graves, sangramentos e perfuração da parede gástrica. “Evacuar fezes escuras como borra de café ou vomitar sangue são sinais de alerta”, explicou.

O diagnóstico é feito por meio da endoscopia, exame que permite visualizar a úlcera, colher biópsias e até cauterizar sangramentos. “É essencial para diferenciar uma úlcera benigna de um possível câncer”, disse.

Quanto ao tratamento, Dr. Tiago esclareceu que as úlceras causadas por H. pylori não evoluem diretamente para câncer, mas a bactéria pode aumentar o risco da doença. O protocolo atual recomenda o uso de antibióticos por 14 dias, associados a inibidores de bomba de prótons — medicamentos como omeprazol, pantoprazol e similares — que reduzem a produção de ácido e ajudam na cicatrização. Já nos casos relacionados ao uso de anti-inflamatórios, a suspensão do medicamento e o uso dos inibidores costumam ser suficientes.

A contaminação pelo H. pylori ocorre principalmente por ingestão de água e alimentos contaminados. O médico destacou a importância de medidas sanitárias e cuidados com alimentação fora de casa, especialmente em regiões com menor cobertura de saneamento. “Evitar alimentos crus e ter atenção com a procedência da água e do gelo, principalmente em áreas rurais e praias, é fundamental”, orientou.

Ao final, Dr. Tiago lembrou que o tratamento adequado deve sempre ser prescrito por um médico gastroenterologista com título de especialista. “A resistência do H. pylori aos antibióticos está crescendo, o que torna o acompanhamento profissional ainda mais essencial”, concluiu.

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